Segundo dia da XIV Convenção de Contabilidade promove aprendizado e interação

23 de junho de 2023

Por Comunicação CRCMG

O segundo dia da XIV Convenção de Contabilidade de Minas Gerais contou com um público de cerca de 1.890 pessoas e uma programação extensa, com painéis reunindo empresários, empreendedores e influencers do mundo contábil.

Na primeira rodada de palestras, três importantes temas foram discutidos simultaneamente. Com o tema “O papel da auditoria no ecossistema de relatórios corporativos”, o empresário e diretor de firmas de auditoria de pequeno e médio porte do Ibracon Nacional, Adriano Thomé, trouxe o ambiente das normas nos relatórios corporativos em um bate-papo com os profissionais da contabilidade. Para ele, “o ambiente de normas nos relatórios corporativos é muito complexo, e o auditor precisa estar atualizado e com conhecimento na ponta da língua”.

Adriano apresentou dicas com base em sua experiência profissional, detalhou o que os órgãos regulatórios, como Dacen, CVM, ANS, Precv e Susep, esperam dos auditores e reforçou o importante papel da carreira para a sociedade: “os auditores proporcionam a credibilidade que o mercado precisa”, afirmou ele.

Simultaneamente, Nailton Cazumbá, especialista em Contabilidade para Organizações do Terceiro Setor, em Auditoria e Controladoria, abordou “O papel da contabilidade na sustentabilidade das organizações do Terceiro Setor”, apresentando os objetivos, benefícios fiscais, titulações e parcerias e a distinção entre as sociedades comerciais e organizações do Terceiro Setor quanto aos aspectos gerais e à natureza jurídica.

Segundo ele, as entidades do Terceiro Setor precisam garantir a gestão das finanças e o uso equilibrado de recursos, além de evitar despesas desnecessárias, visando a eficiência na realização das atividades, para se fortalecer e, com isso, conseguir ajudar a quem precisa. Para isso, as obrigações contábeis precisam ser cumpridas. Existem normas específicas para a contabilidade do Terceiro Setor, e essas organizações que atuam de forma gratuita precisam ter as atividades mensuradas e contabilizadas: “A área contábil é fundamental para a sustentabilidade das organizações do Terceiro Setor.”, explicou ele.

Cazumbá apresentou, ainda, os desafios para o profissional da contabilidade que deseja atuar no Terceiro Setor: conhecer e compreender o segmento; aceitar a necessidade de adaptação às especificidades; manter-se atualizado com relação à legislação geral e à relacionada ao Terceiro Setor; buscar permanentemente o aprendizado e a educação continuada com relação à contabilidade gerencial e à específica; e entender que o objetivo maior da contabilidade não é o registro de fatos e a emissão de guias, mas sim a geração de relatórios e informações que auxiliem a gestão das organizações, sejam elas com ou sem a finalidade de lucro.

O presidente do CRCPR e empresário contábil, Laudelino Jochem, palestrou sobre “Ações práticas de gestão”. Ele explicou o que é a gestão profissional, sua importância e o passo a passo para preparar uma empresa para implantá-la: “Gestão profissional é um conjunto de práticas e técnicas de gestão para a obtenção de resultados, visando a excelência. Implantar a gestão profissional é necessário para reduzir custos, ganhar tranquilidade e acabar com os atropelos, para ter todos os trabalhos em dia, com a possibilidade de novos negócios, além de sedimentar uma imagem vencedora, ter tempo de convivência com a família e amigos, aproveitar as coisas da vida e fidelizar os clientes.”, explicou ele.

De acordo com Laudelino, o grande erro é copiar o modelo de gestão de alguém. “Nem tudo que funciona para um vai funcionar para o outro. Cada modelo é único! Vale a pena construir um modelo de gestão único, com o nosso DNA, para fazer a diferença. E, para implantar uma gestão, exige-se um sacrifício pessoal pelo menos no primeiro ano. O desafio é ter as melhores pessoas, os melhores processos e um melhor gestor.”, disse ele.

A segunda rodada de três palestras simultâneas do dia contou com o painel “A importância da contabilidade para a recuperação judicial de uma empresa”, apresentada por Eduardo Boniolo, profissional com 25 anos de experiência em finanças, controladoria e controles internos de instituições financeiras de grande e médio porte.

Boniolo apresentou as fases da recuperação judicial de uma empresa, desde o período da pré-recuperação, ensinando a diagnosticar situações de crise na instituição. O empresário também pontuou que as crises têm duas fontes: financeira e econômica, sendo que, no segundo caso, são sintomas de crise o aumento de dívidas, aumento de juros e o pagamento de contas com atraso. Ele aproveitou para lembrar que “é papel de um bom contador enxergar a tendência de uma crise logo no seu início”.

O tema “Alterações na LC 130 e seus impactos nas cooperativas” foi abordado por Thiago Borba Abrantes, advogado especializado em processo legislativo, com MBA em Gestão de Cooperativas de Crédito.

Abrantes contextualizou a estrutura do Sistema OCB e as instituições que o compõem, destacando o cenário brasileiro do cooperativismo no país, que possui cerca de 4.800 cooperativas e mais de 18 milhões de cooperados, e falou, especificamente, sobre as cooperativas de crédito, que possuem 17 milhões de cooperados. Exibiu também dados do cooperativismo de crédito em Minas, que é extremamente representativo no cenário nacional, chegando a 2,1 milhões de associados.

Após apresentar o contexto histórico que culminou nas alterações da Lei Complementar n.º 130, por meio da Lei Complementar n.º 196/2022, foram pontuadas as mudanças nos aspectos estrutural, conceitual, de governança e negocial/operacional.

“O novo modelo do relacionamento Receita e contribuintes: perspectivas e possibilidades”, foi apresentado por Mário José Dehon São Thiago Santiago, Secretário de Arrecadação, Cadastro e Atendimento da Receita Federal do Brasil (RFB). Dehon abordou a previsibilidade e transparência; o novo modelo de atendimento ao cidadão e às empresas da RFB; a tecnologia para a interação com os profissionais da contabilidade; a Conformidade Tributária; e ainda falou sobre a importância de a Receita estar acessível a todos. “A gente tem que entregar nossos serviços para todos os contribuintes. Para isso, passamos a trabalhar com terceirizados. Assim, foi possível fazer uma distribuição equilibrada de processo entre os servidores e canais de atendimento e aumentar a capacidade da unidade. Com isso, nosso atendimento chega em lugares mais remotos do Brasil, resultando na redução de demandas reprimidas.”, disse ele.

Dehon finalizou falando sobre a importância de fazer o bem para o próximo e sobre o quanto a Receita tem trabalhado para melhor o dia a dia das pessoas: “Queremos que o contribuinte tenha a melhor experiência com a Receita.”. 

Após as palestras simultâneas, Paula Harraca, autora, executiva referência em ESG e professora de MBAs das principais universidades do país, trouxe o tema “Como será o amanhã – indústria 4.0, sociedade 5.0 e o mundo Bani”.

Ela falou sobre como as ações do presente impactam e constroem o futuro e o que devemos aprender com as transformações no trabalho, nas empresas e na sociedade. Enfatizou as novas formas de organização e estilos de gestão, a necessidade atual de adaptação por parte dos gestores, a importância de leitura dos cenários atuais e de olhar além, expandindo a visão para o coletivo, sem limitações. “O mundo está em constante transformação, e precisamos desenvolver a capacidade de estar atento aos sinais de transformação que estão emergindo ou imergindo.”, lembrou ela.

Harraca apresentou o conceito de liderança ambidestra, que é capaz de conduzir equipes colaborativas ao mesmo tempo em que foca em processos, eficiência e aprimoramento de entregas e resultados sustentáveis. “Empresas ambidestras entendem que o futuro dos negócios é o ESG!”, explicou ela.

A partir do entendimento do conceito de ESG, que procura incentivar empresas a adotarem uma cultura engajada com as diretrizes sustentáveis e um ambiente de trabalho humanizado, ela ensinou como construir uma estratégia de negócios voltada para o ser humano e centrada na sustentabilidade como qualidade essencial, como pautar negócios no ESG e aplicar os 7 Cs da competitividade consciente – causa, cultura organizacional, colaboradores, clientes, capital, comunidade e competitividade estratégica –, para que líderes e organizações possam enfrentar os desafios contemporâneos, associando aos 7 Ps – propósito, princípios, protagonismo e paixão, proposta de valor, profitability, programas e performance.

Em seguida, na palestra “O catador de sonhos”, Geraldo Rufino, empreendedor, escritor e palestrante que iniciou a vida como catador de latas, contou um pouco da sua história e de sua família e falou sobre a importância de saber ouvir. “Aprenda a ouvir sua mãe, seus mestres, seu chefe. Eu comecei aprendendo a ouvir minha mãe, que me passou valores como relacionar com os outros, simplicidade, humildade. Isso é o óbvio, eu pratico o óbvio. Mudei de endereço, mas não mudei de valores. Eu sei que, se precisar de bateria, a força vem da família. É dentro de casa que você consegue sua força de vontade. Eu nunca fiquei sem meus valores, sem minha base, sem minha família.”, contou ele.

Além disso, Rufino falou sobre a importância da contabilidade e da mulher para a sociedade. “O contador faz a diferença porque ele move o empreendedorismo do país. E não importa sua atividade, não tem como você empreender sem o contador. Na verdade, não se faz nada sozinho. Acredite nas pessoas! O segredo é saber conviver com pessoas diferentes. E também é importante ter consciência de que a mulher é a pessoa que manda. Os negócios estão sendo dominados por mulheres, elas dominam a contabilidade e, quando dominarem a política, teremos uma sociedade melhor e mais justa.”. Ele finalizou que “o segredo não é conquistar o cliente, é conquistar pessoas. E pessoas você conquista sorrindo.”.

“A importância do sucesso do cliente nos escritórios contábeis” foi o tema ministrado por Rogério Fameli, CEO do Abertura Simples. Ele demonstrou o passo a passo para os profissionais da contabilidade poderem começar a estruturar uma área de sucesso do cliente nos escritórios de contabilidade, pontuando cada fase da implementação. “Trata-se de uma área muito nova na contabilidade, e esse talvez seja o maior investimento que você pode fazer para seu escritório contábil.”, disse ele.

De acordo com ele, é preciso: entender o que o cliente precisa e como ele pode ser ajudado; compreender as necessidades individualizadas; se preocupar com a forma de tratamento dos clientes depois que eles assinam contrato; ter métricas de atendimento; pensar na manutenção e no cuidado com cada cliente; ter metas de indicação e de retenção de clientes.

Para falar sobre os “Impactos da Inteligência Artificial e Hiperautomação no mundo contábil”, estiveram presentes os empresários Beto Tamm, Breno Praça e Alexandre Litwinski. Segundo Beto, o momento atual é de muita pressão sobre o preço, a competitividade e o custo, que é a boa mão de obra, cada mais difícil de ser encontrada e, consequentemente, mais cara. “Para ter ganho de produtividade, é preciso usar a tecnologia. Por isso, vamos falar sobre algumas tecnologias que estão em evidência, que ajudam os profissionais da contabilidade a desatar os nós e ter melhores ganhos e mais sucesso. Existem dois campos tecnológicos enormes que temos certeza que têm um grande impacto no meio contábil, que são a Inteligência Artificial e a Hiperautomação.”, explicou ele.

Alexandre foi o responsável por falar sobre a Inteligência Artificial (IA): onde é encontrada, o que é, seu objetivo e como começou. “O objetivo da IA é desenvolver sistemas capazes de realizar tarefas que normalmente requerem inteligência humana, automatizar processo e tarefas complexas, ampliar as capacidades humanas e melhorar a eficiência em diversos setores. Para chegar nos escritórios, a IA encontra alguns desafios, como a contextualização, a dificuldade para aprender com poucos dados e a ética.”, comentou.

Já Beto aprofundou sobre a Hiperautomação. Segundo ele, ela ocorre quando se elimina por completo a ajuda de um humano, ou seja, quando não é necessário nenhum clique para fazer funcionar. “A pré-condição para a hiperautomação é ser 100% digital na origem: o ecossistema todo precisa participar e deve haver aquisição de dados seguros e confiáveis. Se não fizer todo esse processo, não é possível atingir a hiperautomação. Parece impossível, mas não é. Muita gente resiste, tentando não mexer com essas tecnologias. Mas tem muita gente nova chegando no mercado, e eles vão fazer o que precisar para dar conta da hiperautomação, pois ela elimina custos enormes e propicia ao contador fazer o que não faz hoje. Um escritório com hiperautomação é muito mais produtivo do que o que não tem.”, finalizou Beto.

Fórum Estudantil

Dentro da programação da Convenção, foi realizado, também, o Fórum Estudantil. A palestra “Jogos Mortais, o Final – SOS Contador(a)”, foi apresentada por Sidney Pires Martins, mestre em Administração, especialista em Administração em Marketing Estratégico e em Gestão Educacional e professor universitário. Ele falou sobre ser um profissional de sucesso, propondo reflexões sob a ótica do novo perfil dos gestores que atuam no mercado. Segundo ele, o sucesso na profissão contábil requer enxergar além do alcance para entender, reconhecer as ameaças à profissão e gerar dados para tomar as decisões corretas. “O mercado valoriza profissionais que sejam capazes de contribuir na definição de estratégias que provoquem realmente a sustentabilidade de um negócio.”, disse ele. Finalizando a apresentação, realizou uma atividade de interação com o público, por meio de um jogo online.

O encerramento do segundo dia da Convenção aconteceu com bastante humor, depois de tantas exposições que contribuíram para a formação dos profissionais que marcaram presença no Expominas. Lucas Lima: o Contador Revoltado, um empreendedor contábil, influenciador digital e contador, apresentou o stand up “Contabilizando Revoltas”, que retrata o cotidiano da categoria, com os perrengues profissionais. Lucas brinca que “a vida do contador, apesar de ser sofrida, pode ser divertida”.

Lucas envolveu o público com humor inteligente, brincando com a realidade de quem vive o cotidiano de um escritório de contabilidade e arrancando boas risadas da plateia. O segundo dia de Convenção foi um grande sucesso, com a aprovação de quem acompanhou as palestras, gerando grande expectativa quanto ao terceiro e último dia de conhecimento compartilhado e oportunidades de networking.

Inclusão e Sustentabilidade

A XIV Convenção foi também idealizada para ser inclusiva e sustentável. Pensando na inclusão e na acessibilidade, todas as palestras e painéis da Convenção foram transmitidas em Libras. Além disso, todos os participantes receberam um copo especial para o consumo de bebidas, contribuindo com o meio ambiente ao desestimular o uso de copos de plástico descartável. A sacola contendo os materiais do evento também foi confeccionada em material reciclável.