XIII Convenção de Contabilidade aborda questões relativas à inovação, sustentabilidade e ética em seu último dia

24 de setembro de 2021

Por Assessoria de Comunicação do CRCMG

O último dia de convenção teve início com palestras simultâneas e o Fórum Estudantil. A palestra "Pronunciamentos e normas contábeis: muitas novidades por vir", mediada pela vice-presidente de Desenvolvimento Profissional Suely Maria Marques de Oliveira, foi apresentada por Fernando Caio Galdi, especialista em precificação de ações e participações societárias, análise de demonstrações financeiras, análise fundamentalista, contabilidade societária, IFRS, contabilidade e tributação de instrumentos financeiros.

Fernando explicou sobre projetos que estão em estágio mais avançados de normatização e que já têm documentos emitidos para audiência pública, como Demonstrações Financeiras Primárias e Ativo e Passivos Regulatórios. “Todas essas alterações terão um impacto relevante na vida do profissional da contabilidade e meu objetivo foi trazer esse assunto para gerar o interesse dos contadores em aprofundar neles. Recomendo o site do IFRS para fazer a leitura do material disponível, para que possam entender melhor e estar por dentro de tudo.”, finalizou Galdi.

A palestra “Teoria geral do fundo de comércio” foi ministrada pelo Mestre em Ciência Jurídica e perito-contador, Wilson Alberto Zappa Hoog, e mediada pela vice-presidente de Administração e Planejamento do CRCMG, Maria da Conceição Barros de Rezende Ladeira.

O professor explorou a Teoria geral do fundo de comércio, englobando formação, vida útil, teste de recuperabilidade, avaliação, bem tangível e intangível, teoria do valor, precificação, fluxo de caixa e leis científicas que regem o fenômeno. O objetivo do encontro, além de compartilhar conhecimentos, foi proporcionar ao profissional de contabilidade a compreensão clara sobre todos os aspectos da teoria. Para Wilson, “O tema abordado é superimportante em um mundo científico-profissionalizante.”.

Fórum Estudantil

Dentro da programação da convenção, aconteceu, também, o Fórum Estudantil. Breno Perrucho, criador do canal Jovens de Negócios, com a missão de trazer conhecimento sobre negócios e investimentos de forma democrática, didática e prazerosa e com mais de um milhão de inscritos no YouTube, foi o convidado para falar para os jovens profissionais e estudantes. O vice-presidente de Registro do CRCMG, Oscar Lopes da Silva, foi o mediador do fórum.

Em sua palestra, ele contou sua trajetória pessoal, como começou a fazer vídeos para o YouTube e como a perda do pai, aos 13 anos, e o desejo de usar os recursos financeiros que recebeu aos 18 anos com algo que pudesse trazer orgulho ao pai o fizeram descobrir e começar a investir.

Perrucho falou sobre a importância da educação financeira na vida das pessoas e, principalmente, dos jovens; sobre as formas de se planejar para atingir um determinado objetivo e ressaltou que poder não seguir o caminho padrão de se formar e ter uma profissão, se libertando dessa imposição social, foi fundamental para o seu sucesso, já que começou os cursos de Medicina e Engenharia e trancou para buscar o que ele queria e gostava de fazer. “Quantas pessoas deixaram de florescer e explorar seus talentos reais porque não têm a liberdade ou não podem escolher esse caminho. Eu tinha o privilégio de poder fazer essa escolha e me dediquei ao que queria e, em seis meses, consegui obter bons resultados. Quando nossos porquês são grandes o suficiente, nenhuma prisão pode ser imposta.”, contou.

Breno também abordou um pouco do seu negócio, dos princípios que norteiam o seu trabalho, que são humildade, excelência artesanal de didática e ensino para todos e falou sobre como é atuar digitalmente. “A atenção é o maior ativo da era digital. O mundo digital facilita o surgimento de contadores de tempo. Fazer mídia é contar tempo. Se você produz conteúdo, é contador de tempo e, para construir um relógio, você precisa criar um negócio. E isso pode acontecer procurando marcas que possam disponibilizar seu tráfego para esse negócio e, assim, você ganha uma parte naquele negócio, ou através da construção de um negócio próprio. Para isso, deve encontrar um problema e ajudar o mercado a resolver esse problema, encontrar uma demanda de mercado que seja aliada a uma competência técnica e uma paixão sua.”, afirmou.

Palestras gerais

Em seguida, foi realizada a palestra “Transformação digital”, com Andrea Iorio, uma das maiores referências em transformação digital, liderança e inovação no País. Iorio falou sobre a importância de ver a tecnologia não como uma ameaça, mas como parceira para se transformar em um profissional da contabilidade do futuro. “É com a tecnologia que vamos transformar nosso negócio e dos nossos clientes. Podemos escolher ser espectadores dessa mudança ou sermos protagonista dessa mudança. E ser protagonista é entender qual é o nosso papel na contabilidade nesse mundo de transformação digital.”, explicou.

Além disso, ele falou sobre como se preparar para um futuro com grandes incertezas. “O mundo está mudando. Precisamos aprender e desaprender a todo tempo. Por isso, é preciso focar em três pilares profissionais: transformação cognitiva, que é transformar fracassos em um motor de motivação e, para isso, é preciso sair da rotina e aprender coisas novas; transformação comportamental, que é evoluir com o erro; e transformação emocional, que é vender para o cliente não um serviço, mas uma experiência que resolva suas dores. Se não observarmos essas mudanças, corremos o risco de não as acompanhar. Só assim transformaremos nosso negócio profissional.”, finalizou.

Já na parte da tarde, o primeiro tema abordado foi “Governança Corporativa”, com Mário José Dehon São Thiago Santiago, superintendente da 6ª Região Fiscal. Durante a palestra, Dehon falou sobre a história da Governança Pública e da Governança Corporativa, seus conceitos e princípios. Segundo Dehon, a governança não é só dar satisfação aos sócios ou garantir a remuneração do capital aplicado. Para ele, governança, agora, tem a responsabilidade social e ambiental com sua nova fronteira e está apoiada em um tripé. “O pilar econômico que se refere ao lucro. O lucro é o motor para a sobrevivência de uma empresa e deve estar associado à pratica de compras sustentáveis. Já o pilar ambiental está relacionado à sustentabilidade. O meio ambiente passa a ser fundamental para a aceitação e sustentação de uma empresa. E, por fim, o pilar social, que diz que uma empresa precisa gerar riqueza e bem-estar para todos, não somente para seus fornecedores.”, ressaltou.

“A importância de dados ESG em Finanças”: esse foi o tema da palestra apresentada por Rodrigo Tavares, fundador e presidente do Granito Group e também professor de Sustainable Finance na Nova School of Business and Economics (Nova SBE), em Portugal.

Tavares falou sobre a sustentabilidade nas organizações, como ela é fundamental na trajetória futura de qualquer empresa, já que todas as empresas, em todas as áreas e de todos os tamanhos, podem ser analisadas sob o ponto das finanças e podem interpretadas sob o ponto de vista dos critérios ESG (ambientais, sociais e de governança). Todas as empresas que possuem um perfil ESG podem ser lidas, identificadas, determinadas e mensuradas, por intermédio de sua performance na sustentabilidade. Assim, todos devem estar familiarizados com esse tema. “A sustentabilidade pode ser olhada sob diversos prismas, pelo olhar dos reguladores, da sociedade, dos consumidores, empresas ou do mercado financeiro. Aqui, falaremos pelo ponto vista financeira e da contabilidade”, disse.

A sustentabilidade deve ser incorporada nas empresas de diversas formas. Pode ser integrada à cultura, aos produtos, mas deve realmente ser realizada, já que somente se incorporada à sustentabilidade de forma orgânica e completa, a empresa pode aproveitar os resultados financeiros. “Ser olhada pelas empresas como algo que pode usado para abrir novos mercados, abrir novas linhas de produção. Sustentabilidade não é só fazer o bem, tem a ver com ganhar mais dinheiro. Precisa ser bem feito, para ser instrumento de geração de mais riqueza corporativa e, como contadores, terão que ver isso na prática, já que, necessariamente, vão ter que um domínio sobre a sustentabilidade.”, salientou.

Segundo ele, empresas mais sustentáveis são menos poluentes, com empregados mais motivados, com maior capacidade de reter e atrair talentos, são empresas com menos processos em tribunais ou dispêndios financeiros motivados por despesas regulatórias e são mais lucrativas também. De modo geral, são empresas com melhor performance financeira, por isso, é fundamental conhecer os elementos e indicadores ESG que impactam a performance e estratégia de determinada empresa.

Rodrigo Tavares foi enfático ao afirmar que haverá impacto na profissão do contador. “Vocês vão ser ou já estão sendo afetados por esses temas. Por isso, compreendam e convivam com o termo contabilidade sustentável porque será um termo muito usado e, em breve, vocês terão que adicionar, mensurar e analisar o perfil ESG das empresas onde trabalham. Em breve, terão que se reinventar ou serão obrigados a fazer reengenharia na sua educação e no trabalho para incorporar esse tema – ou por lei ou por pressão -, já que logo serão lançados os novos padrões de International Financial Reporting Standards (IFRS) para reportar dados não financeiros e se preparem para esse mundo. Dados sustentáveis serão elevados ao mesmo nível de dados financeiros.”, finalizou.

Para falar sobre ética, o CRCMG convidou Clóvis de Barros Filho, um dos mais requisitados palestrantes do país, autor de diversos best sellers. Clóvis começou sua palestra falando sobre a diferença entre ética e moral. Segundo ele, diferente da moral, que é a avaliação de si mesmo, a ética é um exercício coletivo da inteligência prática, que busca soluções para uma convivência mais harmônica possível, passando pela restrição da conduta de cada um.

Ainda de acordo com Clóvis, para a ética funcionar bem, é preciso que todos participem da discussão do que há de mais importante para uma convivência harmônica, já que a sociedade é composta por pessoas com diferentes necessidades. Porém, a ética não deve ser uma espécie de código de conduta, pois o que é certo e errado é atualizado dia a dia. Clóvis destacou, ainda, a importância de a ética estar sempre atrelada à educação: “Quando tivermos uma escolaridade que possa considerar com respeito as questões de cidadania e de ética, talvez tenhamos que nos preocupar menos em fiscalizar e filmar aquilo que os nossos cidadãos fazem. Quando a ética for aplicada na prática nas escolas, os cidadãos passarão a ter determinadas atitudes não por temer o fiscal, mas por temer agredir a convivência naquele espaço. A ética não é uma questão de supervisores, ela é uma questão humana e diz respeito a todos, para que todos possam ter sua cota de felicidade.”, finalizou ele.

A palestra que encerrou a XIII Convenção foi proferida pelo cantor da banda Jota Quest, Rogério Flausino, e teve como tema “Dias Melhores”. Flausino contou um pouco da experiência que a banda passou nesses 18 meses sem fazer shows, devido à pandemia, e relembrou a trajetória da banda, marcando as principais músicas de sucesso. Ele apresentou reflexões da sua caminhada e da banda para relatar os desafios no momento de crise e abordar como eles se reinventaram diariamente durante esses tempos.

A presidente do CRCMG, Rosa Maria Abreu Barros, encerrou oficialmente o evento enfatizando a satisfação do trabalho realizado e os bons retornos recebidos. “Estamos encerrando esses três dias de muito trabalho e de movimentação para entregar aos profissionais da contabilidade um evento de qualidade. E, pelo retorno que estamos tendo, temos a certeza de dever cumprido. Vencemos esse desafio de trazer um evento usando a tecnologia e temos muito a agradecer a todos os envolvidos na organização e aos que participaram. Continuaremos investindo na educação continuada e esperamos que possamos fazer cursos online e presenciais. Certeza que dias melhores virão!”, disse Rosa.