XI Convenção de Contabilidade chega ao último dia

4 de setembro de 2017

No dia 1º de setembro de 2017, foi realizado o último encontro da XI Convenção de Contabilidade, que teve início pela manhã, com o III Fórum Estudantil, evento que trouxe palestras voltadas aos estudantes de Ciências Contábeis. Para dar início às discussões, o presidente do Conselho Regional de Contabilidade de Minas Gerais (CRCMG), contador Rogério Marques Noé, falou sobre a importância de os futuros profissionais conhecerem o Conselho e explicou que um dos grandes objetivos do evento era apresentar as funções e as atividades realizadas pelo CRCMG aos estudantes. Além disso, Noé explicou, também, o funcionamento dos Circuitos Orientativos de Fiscalização, eventos realizados pelo CRCMG visando orientar as empresas contábeis, como uma ferramenta de fiscalização preventiva, uma vez que, estando devidamente orientados, as chances de os profissionais cometerem infrações por desconhecimento da legislação é menor. Por fim, o presidente destacou diversas ações sociais do Conselho, que promove, por exemplo, campanhas de arrecadação de leite em pó e de lacres de latinhas, de maneira a propiciar doações de cadeiras de rodas.

A primeira palestra do fórum contou com o moderador Carlos Alberto de Carvalho Júnior, que ressaltou a importância de haver uma união entre os contadores, a fim de melhorar as condições de trabalho de todos. Em seguida, foi a vez do vice-presidente de Fiscalização do CRCMG, Vidigal Fernandes Martins, comandar a palestra sobre o grupo Jovens Lideranças Contábeis, que tem como foco despertar e fortalecer jovens lideranças na profissão e desenvolver ações empreendedoras, além de incentivar a participação social. Vidigal apresentou as funções do projeto e chamou ao palco representantes do grupo de várias regiões do estado para falarem das mudanças que o projeto trouxe para a área contábil em suas cidades.

Dando continuidade ao fórum, o professor Pachecão falou aos estudantes sobre empreendedorismo na palestra “Empreendedorismo é física pura”. Na ocasião, o professor entreteve os presentes com mensagens sobre como vencer na vida: “Não importa a sua condição, o que importa é a sua decisão. Devemos deixar o pessimismo para trás. Não reclame. Você tem que acreditar em si e correr atrás dos seus sonhos. Os sonhos existem para alavancar. E, quando você foca e quer algo, ninguém o segura. Portanto, queira!”, disse Pachecão. Além dos ensinamentos, o professor também contou sua trajetória para vencer os obstáculos que surgiram na realização de seus sonhos.

Paralelamente ao Fórum Estudantil, aconteciam as palestras voltadas para o público da XI Convenção. Para falar sobre “O novo relatório do auditor e seus impactos”, o presidente do Instituto de Auditores Independes do Brasil (Ibracon) da 4ª região, Paulo Cézar Santana, fez uma introdução sobre o Ibracon e abordou sua missão, seus objetivos e os principais trabalhos realizados pelo instituto. Em seguida, Idésio da Silva Coelho Júnior, presidente do Ibracon Nacional, explicou sobre a importância do trabalho da auditoria e apresentou quais são as atividades de um auditor, suas responsabilidades em relação às fraudes, o ambiente de atuação e o benefício da adoção do novo relatório. Além disso, explanou sobre a auditoria a serviço do interesse público. “Temos que praticar a ética de forma plena. A mudança tem que partir de nós. O que fazemos tem muito valor para sociedade.”, explicou. A palestra foi moderada por Antônio de Pádua Soares Pelicarpo, vice-presidente de Administração e Planejamento do CRCMG.

O painel “Eficiência tributária como fator decisivo no sucesso empresarial” contou com a explanação de quatro especialistas: Ruy Gomes da Silva Filho, membro do Grupo de Trabalho da Área Tributária; Gideão José Pinto Oliveira, membro do Grupo de Trabalho da Área Tributária e conselheiro do CRCMG; Valmir Rodrigues da Silva, membro do Grupo de Trabalho da Área Tributária e conselheiro do CRCMG; e Marcelo Nogueira, advogado da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Minas Gerais (Fecomércio MG). Ruy Filho apresentou a complexidade do sistema tributário brasileiro e os desafios para os empresários e profissionais da contabilidade nesse contexto.

Em seguida, Gideão lembrou que o profissional deve conhecer os tributos com os quais trabalha e os elementos fundamentais para minimizar riscos, dentro dos limites da lei, além de conhecer as características do negócio. Já Marcelo Nogueira reforçou os aspectos complexos das questões tributárias e apresentou alguns exemplos práticos sob a ótica do Direito. Para encerrar o painel, Valmir Silva afirmou que o número excessivo de leis e sua redação confusa atrapalham os profissionais a terem mais rendimentos e menos erros.

Na palestra “Cooperativa de crédito: perspectiva para o mercado financeiro após a equiparação tributária”, Marcos Vinícius Viana Borges, diretor de Meios Eletrônicos de Pagamento do Banco Cooperativo do Brasil (Bancoob), falou sobre a importância das cooperativas no desenvolvimento do país e sobre a concentração bancária no Brasil. “Os bancos estão parando de emprestar dinheiro, pois é uma prática que não está valendo a pena. Já o cooperativismo não fecha a porta para aqueles que estão precisando, como o comércio local. Fazemos um bem danado para este país! Também temos o papel social de fazer com que a taxa de juros caia cada vez mais.”, finalizou Marcos Vinícius.

A palestra “O Observatório Social como instrumento de acompanhamento das medidas anticorrupção” foi ministrada pelo presidente do Observatório Social do Brasil, Ney da Nóbrega Ribas. Ney iniciou a palestra apresentando os resultados da pesquisa realizada pela Fundação Getúlio Vargas sobre os índices de corrupção no país, a qual mostra que, se houvesse a redução de apenas 10% da corrupção, o PIB do Brasil subiria até 50%.

Durante a discussão, foram apresentadas as funções do Observatório Social do Brasil, com destaque para o fato de que o projeto não tem como objetivo combater a corrupção, mas sim realizar um trabalho de prevenção. O palestrante explicou o importante papel dos contadores, no Observatório Social, na capacitação de pequenas e microempresas para a participação de licitações das prefeituras. Desta forma, segundo pesquisas realizadas pelo Observatório Social do Brasil, desde o início da capacitação, o número de empresas que participam de processos licitatórios aumentou, em média, de três para nove.

A palestra “O paradoxo das firmas de auditoria: a concentração do mercado e a perda de competitividade” foi apresentada pelo diretor de Desenvolvimento Profissional do Ibracon da 4ª região, Flávio Machado de Aquino, e pela conselheira do Conselho Regional de Contabilidade do Estado de São Paulo (CRCSP), Ângela Zechinelli Alonso. A palestra contou com o moderador Alexandre Queiroz de Oliveira, conselheiro do CRCMG, que iniciou o assunto enfatizando a complexidade do tema e apresentando o panorama do mercado de auditoria no Brasil. “As pequenas e médias empresas são maioria, aproximadamente 360 ao todo, e respondem por 11% dos trabalhos de auditoria realizados, sendo que as Big Four detêm o restante do mercado.”, disse. Ele falou, ainda, sobre as barreiras encontradas pelas firmas locais e de menor porte: carência de staff; necessidade de construir sua reputação; dificuldade de atuação em escala global; necessidade de formação de capital estrangeiro e deficiência de expertise técnica em segmentos econômicos.

Flávio Machado falou sobre sua percepção da concentração de mercado e das transformações atuais, seus reflexos e como impactam as firmas de auditoria. Ângela Alonso também falou sobre os números do mercado e as mudanças no perfil do profissional que atua na área.

A palestra “Governança e compliance”, moderada por Kátia Rocha Pereira Campos, coordenadora do Grupo de Trabalho da Mulher Contabilista, foi apresentada por Sandro Silva, sócio em Risk Consulting da KPMG no Brasil. Na ocasião, Sandro explicou sobre o marco regulatório na governança corporativa; as atribuições do comitê de auditoria; os fatores de riscos de uma organização e como gerenciá-los. “A política de gerenciamento de riscos tem que contemplar os processos e os responsáveis pela identificação, avaliação e monitoramento de riscos relacionados à empresa ou ao seu setor de atuação. Ao executar as suas atividades e implementar a gestão de riscos, a organização se torna mais bem estruturada para sustentar seu negócio.”, explicou.

À tarde, foi realizada a palestra “Democracia, ética e cidadania”, apresentada por Ricardo Boechat, jornalista, radialista e apresentador da Band News. Boechat abordou temas bastante debatidos pela sociedade devido à crise em que o Brasil se encontra. Segundo ele, os problemas que o país vive são gerados pelo Estado e pelos grupos políticos. Além disso, ele não concorda com o discurso de que a política do país reproduz a ética do povo brasileiro. “As ações que vemos os nossos políticos praticando não são aquilo que praticamos em nosso cotidiano. Os números que vemos não sustentam essa realidade. Nós não somos um povo que agride uns aos outros, isso é uma estatística da política brasileira. E, graças à atual crise ética do Brasil, houve uma politização rápida dos brasileiros, pois todos falam de política, independentemente do grupo social.”, disse.

Boechat encerrou sua participação falando do seu ponto de vista sobre a ética. “Não há ética melhor do que aquela que está em nossa consciência. Quando algo não se enquadra, você não está ferindo somente a ética da sua profissão, mas, também, ferindo a ética do cliente que confiou em você, do seu filho, que você tem que educar, etc. Nós cultivamos a ética porque ela está dentro de nós, na nossa mente e nos nossos corações.”, finalizou.    

Dando sequência à programação, a palestra “Análise das contas públicas” foi ministrada pelo auditor fiscal de Controle Externo do Tribunal de Contas da União, Laércio Mendes Vieira, e pelo assessor do presidente do Tribunal de Contas do Estado de Minas Gerais (TCEMG), Pedro Henrique Magalhães Azevedo. Na ocasião, foi feita uma análise das contas públicas em uma visão federal, apresentada por Laércio Mendes, que explicou as diferenças entre o controle interno e o externo das contas. Durante o discurso, foram apresentados, também, exemplos da atuação do Tribunal Contas União em contas de governo e em contas ordinárias.

No âmbito estadual, o palestrante Pedro Henrique Magalhães Azevedo explicou as atribuições do TCEMG e mostrou a relevância de analisar as fontes dos recursos para destinar corretamente a receita para áreas públicas como saúde, educação, pessoal, entre outras.

A contadora geral do governo de Minas Gerais e conselheira do CRCMG, Maria da Conceição Barros de Rezende Ladeira, foi responsável por moderar a palestra e destacou a análise das contas públicas: “Saber analisar as contas públicas é um assunto que não demanda conhecimento somente dos profissionais da área contábil, mas sim de toda a sociedade. A análise dessas finanças terá impacto direto na vida de todos.”, ressaltou ela.

Finalizando a XI Convenção de Contabilidade, o filósofo e doutor em Teologia Zeca de Mello apresentou o tema “Ética e futuro”. O palestrante falou sobre a importância da reflexão, pois “Uma vida sem reflexão não vale a pena ser vivida”, ressaltando que acredita no aprendizado através das provocações, as quais chama de “provocações filosóficas”, e apresentou vários exemplos para os presentes. Ele também falou sobre o autoconhecimento e ponderou: “Estamos vivendo mudanças aceleradas, tem muita gente mudando de carreira, tentando se reinventar.”.

Zeca também abordou a ética e o panorama atual da crise, que, segundo ele, é uma oportunidade de tomar “um banho de lucidez”: “Crises ajudam a evitar o pior, e o pior é passar a vida só na superfície. Crises nos deslocam e temos a oportunidade de aprender.”, lembrou.

Em sua palestra, Zeca destacou a gratidão, o respeito e a confiança como elementos indispensáveis às relações humanas e à vida. Ao final, propôs um exercício de gratidão a todos e ressaltou que uma pessoa emocionalmente inteligente é capaz de expressar ternura e afeto, lidar com a inveja, angústia e rancor e criar empatia, despertando confiança.